quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Música para inauguração de Estátuas Equestres no Império Luso-Brasileiro

CONFERÊNCIA 4 Novembro 18h00 Auditório BNP Entrada livre



«O grande terramoto de 1755 não podia deixar de ter grande influência na produção musical de Lisboa. Nos anos que se seguiram à calamidade, não haveria certamente recursos e justificativas para grandes festejos públicos. O estado, na figura do Marquez de Pombal, se esforçava para reconstruir a cidade em novos moldes. Neste contexto os festejos para a inauguração da estátua equestre de D. José I em 1775 na Praça do Comércio ganham características sociais e políticas únicas. Duas importantes peças foram escritas para a ocasião: O monumento immortal, e L’Eroe coronato. Estes festejos encontraram eco na inauguração de outras estátuas seja em Portugal, seja no Brasil. O que se pretende nesta comunicação é mostrar como estatuária, literatura e música são usadas em conjunto para comentar a realidade sócio-política da época, legitimar o poder real e estabelecer heróis nacionais.»
Alberto Pacheco

(Fonte: Sítio da Biblioteca Nacional de Portugal

terça-feira, 19 de outubro de 2010

As Missas do compositor António Leal Moreira (1758 - 1819)

CONFERÊNCIA, 21 Outubro, 18h00. Auditório da BNP. Entrada livre

«António Leal Moreira foi um dos mais produtivos e talentosos compositores portugueses de fins do século dezoito e primeiras décadas do século dezanove.

«A produção de Leal Moreira incluiu a composição de serenatas de corte durante o reino de D. Maria I, óperas cómicas em língua portuguesa para o recém inaugurado Teatro de São Carlos em parceria com o poeta brasileiro Caldas Barbosa, modinhas e um grande número de sofisticada música sacra para ocasiões de maior importância na corte. Entre suas obrigações profissionais, que incluíram ensinar no Seminário da Patriarcal, ele também foi responsável pela direcção dos Teatros da Rua dos Condes e posteriormente do de São Carlos.

«Todavia, afora alguns estudos curtos realizados sobre sua vida e obra, ainda faltam uma catalogação sistematizada e uma avaliação crítica de sua produção que possam ajudar-nos a compreender os desenvolvimentos estético-musicais e estruturais de suas obras.

«Nesta conferência analisaremos suas Missas, obras para cerimónias de vulto e baseadas sempre no mesmo texto do ordinário romano, o que possibilita uma maior concentração nos aspectos estilístico-musicais dessas obras. Ao separarmos as obras de Leal Moreira em quatro fases, podemos demonstrar por amostragem as transformações na linguagem do compositor. A metodologia deste estudo é baseada numa catalogação inicial das várias missas autógrafas e cópias de época depositadas na Biblioteca Nacional de Portugal em outros importantes arquivos musicais em Portugal e no Brasil.»

Ricardo Bernardes

(Fonte: BNP)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Autógrafo de uma obra desconhecida de Niccolò Jommelli (1714-1774) descoberto na BNP

CONFERÊNCIA: 15 Outubro, 18h00. Auditório da BNP. Entrada livre

Laudate pueri Dominum a 16 vozes

«À data da sua morte o compositor Niccolò Jommelli era considerado um dos maiores compositores vivos, vindo posteriormente a ser consistentemente incluído na plêiade dos mais memoráveis autores do século XVIII. Na ocasião Schubart escreveu: “O maior Pã está morto… Se a riqueza de pensamento, a fantasia cintilante, a melodia inesgotável, a harmonia celestial, o profundo domínio de todos os instrumentos e particularmente da poderosa mágica da voz humana […], se tudo isto combinado com a mais acutilante compreensão da poesia musical constitui o génio, então a Europa perdeu o seu maior compositor.”
«Dois anos depois de ter subido ao trono, D. José tentou contratar Jommelli que, por esta altura, já era o mais afamado e o mais inovador compositor de ópera italiana em actividade. No entanto, a proposta do Duque de Württemberg, que incluía um novo teatro, acabou por aliciar o compositor, que se mudou para a Corte de Estugarda em 1754. Durante 15 anos produziu música religiosa e contribuiu para reescrever a história da ópera. Em 1769 e a troco de uma vantajosa reforma, D. José conseguiu finalmente obter os serviços de Jommelli, que entretanto passou a viver em Aversa, Itália. O contrato incluía o envio de obras religiosas, e sobretudo de óperas. Até à morte do Rei em 1777, e com adaptações de João Cordeiro da Silva, os teatros reais portugueses chegaram a levar anualmente à cena quatro óperas suas.
No género sacro, a influência de Jommelli em Portugal ainda está por avaliar, mas foi certamente duradoura. Algumas das suas obras religiosas mantiveram-se no repertório das igrejas até finais do século XIX. O Requiem (Hochstein, A.I.3), obra composta em 1756 para as exéquias da Duquesa de Württemberg, foi a mais importante e paradigmática. Ernesto Vieira, na entrada do seu Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes (1900), escreve: “Executa-se ainda muito frequentemente nas egrejas de Lisboa a missa de requiem e libera-me de Jommelli, composições primorosas no estylo sacro.”
«O estatuto de Niccolò Jommelli e os laços históricos que o ligam a Portugal tornam a descoberta deste autógrafo (ainda que incompleto) um acontecimento relevante no contexto dos estudos de música sacra de estilo romano de meados do século XVIII. O caso em epígrafe é particularmente interessante porque se trata de uma obra policoral para 16 vozes e baixo contínuo (com utilização de 3 órgãos) completamente desconhecida e sem paralelo na produção do compositor. O trabalho seminal de Wolfgang Hochstein, Die Kirchenmusik von Niccolò Jommelli (1984), que inclui um catálogo temático, não menciona qualquer obra para 16 vozes.
«A razão para a ausência de referências na bibliografia da especialidade prende-se com o facto de o primeiro caderno (4 fólios) se encontrar desaparecido. Em consequência, informações cruciais como o autor, a data e o título da obra, grafadas na página de rosto, perderam-se.
«A identificação do autor foi realizada através de estudos caligráficos comparativos. Uma proposta para a génese da obra assim como a sua contextualização na vida e obra de Jommelli serão alguns dos temas abordados.»

António Jorge Marques

(Fonte: sítio da Biblioteca Nacional de Portugal)